domingo, 22 de março de 2009

Pão e Rosas - trabalho precário

Mariana abre o debate

" Para iniciar esse debate, poderíamos partir das seguintes reflexões: a mundialização do capital e suas “implicações” no mundo do trabalho foram nefastas para os trabalhadores? Como eles resistiram? No Brasil, como os mais precarizados dos precarizados (terceirizados em geral –
faxineiros, porteiros, etc catadores...) vivenciam as questões levantadas no filme? Trata-se de uma realidade parecida?"

Assisti o filme e gostei muito da forma que os temas foram abordados. Fizeram um filme de luta, não apenas de denúncia. Demostra a conquista de desafios e a superação de uma condição de humilhação.

Vou fazer alguns comentários, por partes.

Primeiramente falarei sobre a precarização do trabalho, buscando fazer um correlação com a América Latina. Depois em outra mensagem tratarei de outros temas.

A precarização das condições de trabalho aparece relacionada com a imigração de força de trabalho para ocupar posições desvalorizadas socialmente.

Os imigrantes se deslocam em busca de trabalho, melhores condições de vida, e até mesmo para sobreviver. Buscam o sonho de encontrar o lugar melhor. Lugar este, que vende a idéia de que trabalhando é possível juntar dinheiro. Também existe a negação da sua existência, quando a busca é por esquecer a sua realidade, a sua terra que tanto o maltrata para consumir um modelo de sociedade que se abastece do individualismo, da vitória individual.

Trazendo a reflexão para a América Latina é possível citar a imigração de mão de obra para a produção têxtil – principalmente Moda para a classe popular. Nas confecções (e oficinas de costura) no Brás / Bom Retiro mulheres (em sua maioria), boliviana e coreanas, trabalham em condições de escravidão, pois ganham para comer, estão em situação ilegal e ' na mão' dos “empregadores” (ver: LEITE, páginas 13 e 14; e reportagens na net).

No Brasil, como foi retratado no filme, os gerentes / empregadores são imigrantes que por realizarem o processo de exploração para seus patrões assumem posição de mando e controle. Podemos (como já comentado anteriormente) compará-los aos conhecidos Capatazes/ Feitores, muito úteis para o sistema escravocrata (ver: LEITE, p.13)

Este grupo de trabalhadoras imigrantes disputam o 'mercado' com mulheres das regiões periféricas da cidade, desta forma a qualidade das condições de trabalho e a remuneração cai drasticamente (ver: LEITE, p. 15).

Márcia Leite, em sua pesquisa revela as condições de trabalho precário no mundo da industria de confecções de Moda. O acelerado processo de terceirização do trabalho e também do trabalho realizado 'livremente' na residência. Situação que faz com que o trabalhador assuma todo os custos da produção ( Luz, local, água). O controle dos meios (equipamentos – máquinas) muitas vezes são dos contratadores que emprestam (cedidas) para a realização do trabalho.

A pesquisa é muito rica em informações, desde o setor de confecções no brasil até a discussão da organização do trabalho nas oficinas de costura e o trabalho em domicílio, local em que o trabalho é mais precarizado.


LEITE, Maria de Paula (UNICAMP). Tecendo a Precarização: Gênero, Trabalho e Emprego na indústria de confecções em São Paulo. Trabalho apresentado no XXVIII Encontro Anual da ANPOCS – ST - Trabalho, sindicato e os desafios do desenvolvimento. 2004.


Algumas reportagens sobre o tema:

http://www.metodista.br/cidadania/numero-26/imigrantes-bolivianos-vivem-como-escravos-em-sao-paulo

http://www.usp.br/agen/UOLnoticia.php?nome=noticia&codntc=21276

http://www.labjor.unicamp.br/midiaciencia/article.php3?id_article=652




Nenhum comentário:

Postar um comentário