sábado, 22 de agosto de 2009

A Comuna de Paris

Iniciamos o módulo II - A História do Cooperativismo e Clássicos da Autogestão.

Para esta semana a atividade é ler a Introdução do Livro - Escritos sobre a Comuna de Paris, por Oswaldo Coggiola e participar do debate virtual.

A seguir apresento algumas impressões de leitura e a reflexão feita a partir da seguinte questão: Como podemos pensar a atualidade dessas experiências?

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Procurei fazer uma reflexão levando em conta aspectos gerais da influência da Comuna de Paris e ressaltar a atualidade dos princípios proclamados em 1871, eles ainda estão vivos e presentes na luta social.

A experiência da Comuna de Paris fica como uma fonte de inspiração para parte da sociedade, que a incorporou e re-elaborou as premissas que foram disseminadas naqueles 72 dias.

Ao ler o texto de Coggiola fiquei com a impressão de ser tratar de temas muito atuais, pois representam as várias bandeiras da revindicação social. Os princípios proclamados para reger a vida em sociedade cabe aos movimentos radicais, pragmáticos e idealistas. Até hoje 'a esquerda' luta contra a os privilégios da burguesia, - sua posição de dirigente do Estado e pelo fim da distinção de classe. Revindica o poder para os trabalhadores, a igualdade social e o reconhecimento das mulheres e crianças como sujeitos de direito. Combate a burocracia estatal, revogação dos cargos a qualquer momento, dissolução da guarda oficial e organização de milícias populares, interdição de acúmulo de cargos, ocupação de fábricas abandonadas pelos patrões, a redução da jornada de trabalho ainda são bandeira do movimento dos trabalhadores.

Em sua declaração de princípios a Comuna reconhece a Família como a primeira forma de associação e a união de todas as famílias formará uma só personalidade coletiva – a humanidade. A Constituição Brasileira reconhece a Família como sendo a base da sociedade.

Na Proclamação da Comuna ao Povo trabalhador são publicados os princípios organizador da vida em sociedade.

Primeiramente a gratuidade dos serviços públicos e acesso a tudo que é necessários ao sustento da vida. Também existe uma citação sobre a questão da habitação, pois já neste tempo havia a concentração de terras. Coisa que no Brasil ainda é tema polêmico, no qual o MST muitas vez (ou na maioria) é criminalizado. Temas como educação sexual, anticoncepção, direito ao aborto estão presentes na nova ordem social - o comunato.

Na Proclamação da Comuna foi editado uma artigo dedicado ao modo de organização produtiva. Neste todos os aparatos produtivos privados passam a ter posse coletiva, que os trabalhadores que exercem atividades intelectuais também irão desenvolver tarefas manuais. A empresas passam a ter a gestão feita pelos trabalhadores e acontecerá a rotatividade nas atividades. A organização hierárquica acaba. Por a produção será feita para garantir a gratuidade em tudo que é necessário e procurando sempre diminuir o tempo de trabalho.

Acredito que o movimento da economia solidaria é a busca desta premissas. Aqueles que de alguma forma se envolvem neste projeto buscam principalmente uma transformação nas relações de trabalho, já que esta é fundante da sociedade. A Comuna nasce num contexto histórico no qual o modo de produção vem sendo alterado de forma brusca, os trabalhadores que antes se organizavam em pequenos grupos produtivos (urbanos e rurais) são empurrados para a submissão da fábrica e perdem a cada dia sua liberdade. Este é um dos aspectos históricos, sem tocar na incapacidade política do Estado em garantir condições básicas de sobrevivência.