terça-feira, 24 de março de 2009

Pesquisa: Políticas Públicas municipais em EcoSol

Realizei esta pesquisa como atividade do curso de extensão em economia solidária e tecnologia Social. Módulo I -

O período escolhido para mapeamento e análise será entre 2001 e 2004 – durante o Governo Marta Suplicy, no qual o Márcio Pochmann foi Secretário de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade e foi instituída a Política de combate a pobreza, desemprego e desigualdade.

Programa Oportunidade Solidária – Política Pública de Economia Solidária?

Acredito que no município de São Paulo não houve de fato uma política pública de Ecosol. O que ocorreu foram (e são) algumas iniciativas governamentais muito tímidas. A Ecosol na Gestão 2001-2004 foi aplicada como ferramenta de inserção produtiva (social) da política de enfrentamento á pobreza, desemprego e desigualdade. Foi estruturado 3 grandes blocos de ações: redistributivos, emancipatórios e desenvolvimento local (HIRATA).

A política de economia solidária foi alocada na Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade ligada ao bloco emancipatório. A ação desta Secretaria foi estruturada a partir de um comitê plural formado por diversas entidades – empresas privadas, sindicatos de trabalhadores, ong's, outros níveis de governo, universidades e centros de pesquisa. As diversas entidades formaram um conjunto heterogêneo de princípios, metodologias e formas de ação ( CRUZ:2002).

Não sei estimar ao certo o valor alocado na Secretaria, muito menos na Política de Ecosol. As fontes financeiras para execução desta política provinham de recurso do orçamento municipal, da UNESCO, Bancos Públicos Federais e FAO (Organização da Nações Unidas para Agricultura e Alimentação).

A Política de Ecosol estava liga aos demais programas da SDTS, por isso não existia (existe) uma lei específica de incentivo e fomento a economia solidaria. O que passou a existir foi um conjunto de legislações ligadas ao programas desenvolvidos pela SDTS.

A Lei Municipal nº 13.118, de autoria do vereador Carlos Neder, autorizou a Prefeitura a associar-se à instituição Crédito Popular Solidário e aportar recursos para as operações. Com isto, foi aberto caminho para a implantação do São Paulo Confia. Em agosto de 2001 com a publicação do Decreto Municipal nº 40.890, ocorreu o início do programa São Paulo Confia (HIRATA).

Entretanto os programas emancipatórios - o desenvolvimento de empreendimentos - solidários foram regulamentados através de Portarias:

Em agosto de 2001 teve início as atividades do Programa Oportunidade

Solidária (Portaria no 003/2001/SDTS-G, de 15 de agosto 2001)


Em Julho de 2001 começou a operar, sem formalização institucional, o programa

Capacitação Ocupacional, e somente em março de 2002 foi regulamentado através de Publicação da Portaria Nº 22 (HIRATA).


Uma ação importante para consolidar a Economia Solidária foi em 2002, quando aprovada a Lei que regulamenta a ação cooperada para coleta de material reciclável. O Decreto Municipal nº 42.290, de 15-08-2002: Institui o Programa Sócio-ambiental de Cooperativa de Catadores de Material Reciclável, e dá outras providências. Este programa revê o reconhecimento do direito básico ao trabalho e propõem diversas ações:


fomentar a formação de cooperativas de trabalho, apoiando as cooperativas de trabalho em suas necessidades técnicas através do aprimoramento de suas atividades;


implementação progressiva de coleta seletiva de lixo, por meio das cooperativas de trabalho; triagem e reciclagem do material coletado em unidades regionais, a serem operadas pelas próprias cooperativas de trabalho.

Durante o período de 2001-2004 houve rumores que as cooperativas de transporte integrariam o Programa Vai e Volta e que os uniformes escolares seriam feitos pelas cooperativas de costureiras espalhadas pela periferia da cidade. Não consegui nada sobre o nenhum dos temas.


Apoio e formação em economia solidária – acesso a crédito, formação técnica - gestão e processos de produção.

A Política de Crédito foi instituída pelo Programa São Paulo Confia, o Relatório Indicadores de Monitoramento dos Programas Sociais da Prefeitura de São Paulo (2001-2002) indica que o Programa de Crédito “realizou 2.339 operações, mais de 2 mil financiamentos voltados à ampliação, reforma ou mesmo abertura de novos negócios em São Paulo". A maioria deles sob liderança feminina, que respondem por 55,8% da carteira do programa”. Os valores empregados entre o período 2001-2002 alcançaram R$ 2,4 milhões. O apoio ao crédito é feito em forma de empréstimo com juros abaixo do mercado (0,48 até 3,9% ao mês).

No período analisado foi idealizado Centros de Desenvolvimento Local e Solidários, mas não vi registros da concretização desta ação. As ações de formação, qualificação produtiva foram desenvolvidas pelas Incubadoras e Ongs contratadas para esse fim (HIRATA). E na maioria dos casos a Redes de Colaboração Produtiva não ocorreu por falta de articulação entre as diversas instituições (GOMES e ALVES).

O apoio era oferecido através de cursos de formação, assessoria técnica tanto para esquemas produtivos com também para gestão de empreendimentos. Os cursos e formações foram realizados pelas instituições contratadas (Instituto de Sócio-economia Solidária, ANTEAG - Associação Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Autogestão, Cooperativa INTEGRA e ITS - Instituto de Tecnologia Social, ITCP-USP, Catalisa, entre outras).


Experiência da ACAS (Associação Cultural de Artesãos Solidários) – uma tentativa de Política de Comercialização.

A formação de um grupo de artesãos para comercialização dos produtos, teve inicio no Programa Oportunidade Solidária da SDTS - Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura Municipal de São Paulo em 2004.

O Grupo foi formado por pessoas produtoras de artesanato. Os Programa Começar de Novo e Bolsa Trabalho forneceram parte dos integrantes. Outros participantes se juntaram ao grupo por, também, serem produtores artesanais.

“A idéia de criar um centro público de referência para revelar e promover a cultura e o artesanato da cidade de São Paulo e construir uma identidade artesanal e cultural da cidade surgiu como necessidade de caracterizar a grande diversidade da produção de artesanato, catalisar talentos e potencial de criatividade dos artesãos, nutrir a humanização e favorecer a capacitação dos profissionais do artesanato, bem como possibilitar a geração de trabalho e renda para inúmeras famílias” ( publicado na página da ONG Catalisa1).


Entretanto a experiência de comercialização só funcionou por intermédio da SDTS ao estabelecer parceria com a empresa Carrefour através do Programa São Paulo Inclui2. Após o desligamento do grupo do processo de incubação (final de gestão) não houve continuidade das atividades, o grupo diluiu.

1http://www.catalisa.org.br/site/histo-e-realizas-sobre-43/102-historico/839-acas-associacao-cultural-dos-artesaos-solidarios-da-cidade-de-sao-paulo



Incubadora de empreendimentos e Ongs.

A ideia de um Centro Público em Economia Solidaria não aconteceu, as iniciativas em Ecosol tem sua base em Ongs e Associações e alguns apoiados pela ITCPs. São ações que buscam superar as dificuldades diárias de sobrevivência. Entretanto estes empreendimentos poucas vezes recebem apoio para desenvolver a gestão e processos produtivos, conhecer o mercado consumidor, as fontes financiadoras, os processos coletivos de gestão, etc.

Na cidade existem duas incubadoras: ITPC-FVG e ITPC- USP. A primeira privada e a segunda pública.

A ITPC-FVG atua junto como o Movimento de Economia Solidária para formulação de políticas públicas, projetos voltados para o desenvolvimento econômico local na perspectiva da Ecosol, promoção da Economia Solidária enquanto modelo de Desenvolvimento Sócio-econômico. Incuba e apóia um conjunto de Empreendimentos de Economia Solidária, articulados em Redes Solidárias de Desenvolvimento Local e faz consultoria para prefeituras. Organiza as Feiras de trocas solidárias. (http://www.itcpfgv.org.br/)

A ITPC- USP atua com diversos projetos em todas as regiões da cidade de São Paulo, incubação de empreendimento de alimentação, fortalece e amplia uma rede de agricultores familiares, consumidores, educadores e outros atores sociais, partindo dos princípios agroecológicos, da economia solidária e da autogestão, organiza a rede comercialização de produtores locais.

Tem por objetivo disseminar, promover e implementar ações que fomentem e fortaleçam o desenvolvimento local solidário como subsídio à geração de trabalho e renda, a organização de empreendimentos coletivos solidários e criando mecanismos para o seu desenvolvimento, entre outras ações.

Além das ITCP, e istem diversas Ongs que mantém iniciativas para o desenvolvimento econômico das comunidades, mas nem sempre conhece os princípios da economia solidária.

No ano passado a ong Instituto Consulado da Mulher passa a atuar na cidade de São Paulo com o objetivo de fomentar o desenvolvimento econômico através da economia solidária. Apóia grupos na Zona Sul e Leste da cidade, local com alto grau de vulnerabilidade social. Oferece formação em empreendedorismo, economia solidária, gênero, rede para comercialização de produtos, etc.

2Material de divulgação do Programa/empreendimento.


Pessoas atingidas e empreendimentos consolidados – Remuneração pelo trabalho.

Ao analisar a tabela abaixo é possível assinalar que houve uma maior organização de empreendimentos individuais do que coletivos (entre 2001-2002), embora estes conseguissem mobilizar muitos mais pessoas. Pelos dados apresentados na tabela a média mensal em volume monetário é de R$166,79 per capta, para ambos os casos (?).

Em 2004, em material de divulgação do Projeto Oportunidade Solidária indicava para um total de 229 empreendimentos formados.


Os trabalhadores dos empreendimentos.

O Programa Oportunidade Solidária acolheu parte dos beneficiários dos Programas Redistributivos (Começar de Novo e Bolsa Trabalho) e também do Capacitação ocupacional. O relatório dos Indicadores de Monitoramento dos Programas Sociais da Prefeitura de São Paulo (2001-2002) aponta que 59% dos participantes do Programa Oportunidade Solidaria eram mulheres na busca da emancipação econômica.

A política da forma que foi desenhada é uma proposta propositiva, busca fomentar novos empreendimentos, dinamizando o processo econômico da cidade.


Trabalho de pesquisa e avaliação da Política Pública de ECOSOL.

Em 2002 foi elaborado um relatório dos Indicadores de Monitoramento dos Programas Sociais da Prefeitura de São Paulo;


CRUZ, Antônio. Uma Contribuição Critica ás Política Pública de Apoio a Economia Solidaria. ITCP/UNICAMP.

Analisa a Política de Econômia Solodária a partir de duas experiências o programa desenvolvido pelo município de São Paulo e pelo Estado do Rio Grande do Sul.


GOMES , M.V P. e ALVES, M. A. O Programa Oportunidade Solidária e a Emancipação: uma visão crítica. FGV/EAESP.

Apresenta uma análise do programa questionando se de fato havia condições para a emancipação devido ao desenho do projeto e estar atrelado a programas redistributivos e a falta de espaços para participação popular.


HIRATA, Maria Regina. Renda Mínima em São Paulo: o que a experiência paulistana (2001-2004) pode ajudar na reflexão sobre os programas de transferência de renda monetária brasileiros? Tese: Mestrado. UNICAMP- Instituto de Economia. Orientador: Dr. Pedro Luiz Barros Silva. 2006.

O trabalho apresenta as estratégia pública de enfrentamento da pobreza, do desemprego e da desigualdade na cidade de São Paulo. Como parte integrante da Política de Redistribuição de Renda entre 2001-2004.


MARCONSIN. A. Fernandes. A Política Pública de economia solidaria, uma política em construção. Tese Doutorado. UNICAMP – Faculdade de Educação. Orientador: Newton Antônio Paciulli Bryan. Cap. 6 - A política Pública de Economia Solidaria desenvolvida no Município de São Paulo.

Este trabalho é um Mapeamento das diversas ações dos governos para promover e economia solidaria nas esferas federal, estadual e municipal.

domingo, 22 de março de 2009

Pão e Rosas - autogestão.

O Felipe enviou um questionamento.

" A economia solidária em geral defende o exercício da autogestão no local de trabalho como parte do processo de emancipação do trabalhador, análise com a qual eu concordo bastante. No entanto é importante que mantenhamos um olhar crítico e nos perguntemos, se aqueles trabalhadores daquele prédio se organizassem como uma cooperativa de limpeza realmente autogestionária estariam então emancipados ou mesmo sentiriam prazer em seu trabalho? Aliás, é possível a autogestão no ramo de prestação de serviços? especialmente os de baixo valor agregado como a limpeza? Na minha opinião é importante que pensemos a autogestão no local de trabalho como processo de formação de consciência crítica, com um objetivo de transformação maior, e não como um fim em si mesmo. O que vocês acham?"


Auto gestão como princípio emancipador


A relação de prazer com o trabalho esta fortemente ligado ao conjunto de valores e situações vividas. Nada adianta ser cooperado, associado e não ter a atividade produtiva organizada de forma diferente do modelo de capitalista (fordismo/toyotismo .... maximizar lucros e maximizar custos - trabalhadores), que impede a relação de mediação homem-natureza de ocorrer.

A Forma que será feita a atividade produtiva (trabalho) é muito importante. A produção sem consciência (alienada) reifica as relações humanas, tudo passa a ser é mediado por valores econômicos, status e individuação. Esse processo valoriza o culto a privacidade e a idealização de um indivíduo abstrato.

Fiquei pensando sobre a autogestão no ramo da prestação de serviços e o que foi difícil assimilar é como ter autonomia nas decisões se sirvo aos interesses capitalista. Acredito que somente com a substituição destes mecanismos capitalistas de organização do trabalho é que acontecerá a autogestão. A substituição destas formas de produção que aparece como gargalo da questão.

Como fazer para que as coisas caminhem de outra forma? Como propor uma organização da atividade produtiva não alienante e ao mesmo tempo que possa sobreviver ao massacre capitalista?

Existem algumas iniciativa de produção artesanal que se propõe a essa outra relação, na qual o produto é o resultado da relação homem-homem / homem-natureza. Busca -se a construção de modelos que rompam com os fatores estritamente econômicos, levando em conta as relações de reciprocidade, abrangendo aspectos sociais e políticos, processos participativos e modificações nas relações de gênero.

A maior parte da produção artesanal é realizada por grupos ou indivíduos que são autogestionários o que possibilita formas de produção não alienada, mas mesmo assim tende a ser engolida pelo sistema capitalistas. Vejam só:

MARINHO argumenta que a organização da produção artesanal são esquemas produtivos diferenciados. A essência do trabalho artesanal e aprendizagem das técnicas de produção estão ligadas as antiga formas de transmissão de conhecimento – mestre e aprendiz. Muito mais do que ensinar habilidades e técnicas o Mestre-artesão transmitia a seus aprendizes seus valores, princípios e sua forma de relacionar-se com o mundo. Essa relação mestre-aprendiz possibilitava a acumulação de valores compartilhados, necessários para o fortalecimento dos laços comunitários.

Esses empreendimentos tem um distanciamento da forma tradicional (fordista/taylorista) de produção. As principais características da produção artesanal é que esta é, fundamentalmente, uma expressão subjetiva de quem faz. Sempre em pequena escala, com pequenas diferenciações entre as peças e processos produtivos completos (concepção e elaboração). As peças artesanais são analisadas por sua utilidade e funcionalidade e precisam ser acessíveis e também tangíveis.
Entretanto esta atividade nem sempre tem plena inserção produtiva (retorno sócio-econômico).

Para que isso ocorra é necessário dialogar com o sistema capitalista, estar sintonizado com os sistemas de comunicação e a outros setores econômicos: turismo, cultura, moda, decoração e tecnologia. Necessita investimentos na formação e aprimoramento das técnicas produtivas para uma melhora na qualidade do produto, e também colocar o produtor em conexão com informações econômicas e de mercado, é necessário profissionalizar o artesão (MARINHO). Ou seja, moldá-lo para se enquadrar nos sistema de produção e consumo de mercadoria, o que traz mais produtividade, reduz custos, se adequá melhor aos interesses de um mercado, tão abstrato quanto o indivíduo reificado.

Mesmo esse tipo de produção (artesanal) baseados em laços comunitários e familiares não resiste ao processo de dependência do mercado capitalista. Fico a imaginar quais seriam as possibilidades dos faxineiros, lixeiros que nem sempre são os proprietários dos meios de trabalho e o realizam em local alheio e estão a todo momento sujeito as vontades e ordens externas. Como praticar a autogestão, como determinar sua atividade produtiva– não alinhado pela necessidade e as regras das corporações econômicas?

Referencia:
MARINHO, Heliane. Artesanato: tendências do segmento e oportunidade de negócio.

Pão e Rosas - Invisibilidade

O filme marca bem a situação da invisibilidade relacionada com sua posição social, com sutileza e visão crítica. A pesquisa de Fernando Braga da Costa trata desta questão.

Mas aqui chamarei a atenção para outro ponto: formas de romper a invisibilidade.

Não sei se foi uma viajem muito grande da minha cabeça, mas esta única cena fez fluir muitos questionamentos, talvez seja por considerar os processos educativos (de aprendizagem, conhecimento....) muito importante para a emancipação do ser humano.

Descreverei uma cena:

Maya aprende a limpar os frisos da porta com um colega de trabalho. Passam alguns executivos como se ali não houvesse ninguém. Neste momento ocorre o comentário: - Quando usamos este uniforme nos tornamos invisíveis.


A princípio esta fala aparece apenas como se essa fosse uma das lições que o trabalhador deveria aprender. A questão a ser apontada nesta cena é a consciência que este trabalhador tem da sua posição social.
O diferencial deste trabalhador é que ele está prestes a entrar na universidade, com auxilio de um programa de bolsa de estudo, mantido por um grupo de imigrantes bem sucedido (!).

Então podemos concluir que este trabalhador teve acesso a processos que proporcionaram uma percepção da realidade diferente da percepção dos outros trabalhadores. O personagem busca uma forma para se sobrepor a esse sistema de humilhação, uma busca individual...


Ato de solidadriedade ou solução individual?

Personagem principal rouba para pagar a matrícula do amigo na universidade. Os motivos que a levam a fazer esse ato foram: a culpa pela demissão do colega (que não se envolveu na manifestação) e também por saber que entrar na universidade era o sonho do amigo (?).

Entretanto, ao meu entender os dois personagem adotaram uma solução individual para soluções de problemas que são coletivos – sociais (sócios).

1 - Entrar na universidade (acesso a educação) para passar ao andar de cima (melhores condições de vida ...)

2 - Roubar (ir contra as regras do jogo, colocar-se em situação ilegal) para ajudar o colega a não perder a oportunidade de sair da situação vivenciada.

Uma tentativa de ação coletiva:

1- participar do movimento, dividir a visão crítica da realidade com outros colegas, proporcionado a eles possibilidade de se conscientizarem das alternativas de soluções.

2 - Procurar Sam (o que tinha o maior salário) e os outros colegas para faze a 'vaquinha' e garantir a matrícula.

Pão e Rosas - trabalho precário

Mariana abre o debate

" Para iniciar esse debate, poderíamos partir das seguintes reflexões: a mundialização do capital e suas “implicações” no mundo do trabalho foram nefastas para os trabalhadores? Como eles resistiram? No Brasil, como os mais precarizados dos precarizados (terceirizados em geral –
faxineiros, porteiros, etc catadores...) vivenciam as questões levantadas no filme? Trata-se de uma realidade parecida?"

Assisti o filme e gostei muito da forma que os temas foram abordados. Fizeram um filme de luta, não apenas de denúncia. Demostra a conquista de desafios e a superação de uma condição de humilhação.

Vou fazer alguns comentários, por partes.

Primeiramente falarei sobre a precarização do trabalho, buscando fazer um correlação com a América Latina. Depois em outra mensagem tratarei de outros temas.

A precarização das condições de trabalho aparece relacionada com a imigração de força de trabalho para ocupar posições desvalorizadas socialmente.

Os imigrantes se deslocam em busca de trabalho, melhores condições de vida, e até mesmo para sobreviver. Buscam o sonho de encontrar o lugar melhor. Lugar este, que vende a idéia de que trabalhando é possível juntar dinheiro. Também existe a negação da sua existência, quando a busca é por esquecer a sua realidade, a sua terra que tanto o maltrata para consumir um modelo de sociedade que se abastece do individualismo, da vitória individual.

Trazendo a reflexão para a América Latina é possível citar a imigração de mão de obra para a produção têxtil – principalmente Moda para a classe popular. Nas confecções (e oficinas de costura) no Brás / Bom Retiro mulheres (em sua maioria), boliviana e coreanas, trabalham em condições de escravidão, pois ganham para comer, estão em situação ilegal e ' na mão' dos “empregadores” (ver: LEITE, páginas 13 e 14; e reportagens na net).

No Brasil, como foi retratado no filme, os gerentes / empregadores são imigrantes que por realizarem o processo de exploração para seus patrões assumem posição de mando e controle. Podemos (como já comentado anteriormente) compará-los aos conhecidos Capatazes/ Feitores, muito úteis para o sistema escravocrata (ver: LEITE, p.13)

Este grupo de trabalhadoras imigrantes disputam o 'mercado' com mulheres das regiões periféricas da cidade, desta forma a qualidade das condições de trabalho e a remuneração cai drasticamente (ver: LEITE, p. 15).

Márcia Leite, em sua pesquisa revela as condições de trabalho precário no mundo da industria de confecções de Moda. O acelerado processo de terceirização do trabalho e também do trabalho realizado 'livremente' na residência. Situação que faz com que o trabalhador assuma todo os custos da produção ( Luz, local, água). O controle dos meios (equipamentos – máquinas) muitas vezes são dos contratadores que emprestam (cedidas) para a realização do trabalho.

A pesquisa é muito rica em informações, desde o setor de confecções no brasil até a discussão da organização do trabalho nas oficinas de costura e o trabalho em domicílio, local em que o trabalho é mais precarizado.


LEITE, Maria de Paula (UNICAMP). Tecendo a Precarização: Gênero, Trabalho e Emprego na indústria de confecções em São Paulo. Trabalho apresentado no XXVIII Encontro Anual da ANPOCS – ST - Trabalho, sindicato e os desafios do desenvolvimento. 2004.


Algumas reportagens sobre o tema:

http://www.metodista.br/cidadania/numero-26/imigrantes-bolivianos-vivem-como-escravos-em-sao-paulo

http://www.usp.br/agen/UOLnoticia.php?nome=noticia&codntc=21276

http://www.labjor.unicamp.br/midiaciencia/article.php3?id_article=652




Primeiro encontro

Em fevereiro recebi um e-mail solicitando a confirmação de interesse para a matrícula e o encaminhamento dos documentos necessários.

O primeiro encontro foi dia 7 de março.

Chegar em Campinas foi um longo caminho, 3h e meia.

Para fazer as atividades do curso existe um 'site' - Teleduc, no qual através de 'login' temos acesso a página do grupo.

Neste encontro os coordenadores do curso fizeram um apresentação dos objetivos e prazos. Falaram dos conteúdos e mostraram como usar o 'site'. Os monitores se apresentaram e tivemos contato com os colegar 'virtuais'.

A Dinâmica do curso será a seguinte: a cada semana (domingo a sábado) teremos uma nova atividade a ser realizada e colocada a disposição (no 'site') conforme orientação dos coordenadores / monitores.

Para esta primeira semana a atividade é assistir o Filme e fazer um debate virtual via fórum de discussão.

O Filme: Pão e Rosas - do diretor britânico Ken Loach.


recebi várias publicações sobre o tema:

Políticas públicas municipais - o desafio do desenvolvimento local.
Márcio Pochmann (org). SãoPaulo. DataSol. 2007.

Acompanhamento e Avaliação do Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares - Proninc: relatório dos seminários e oficinas.
Pedro Cláudio C. B. Cunha e Ana Paula M. Varanda. Rio de Janeiro. FASE. 2007.

Diagnóstico e Impactos do programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas populares.
Pedro Cláudio C. B. Cunha e Ana Paula M. Varanda. Rio de Janeiro. FASE. 2007.

O Fetiche da Tecnologia - a experiência das fábricas recuperadas.
Henrique T. Novaes. São Paulo. Expressão Popular. 2007.

O Novo Blog

Devido os rumos que a vida tomou percebi a necessidade de voltar a estudar, estudar sério. Resolvi procurar um curso de pós-graduação. Entretanto a dificuldade era achar algo que dialogasse com o meu cotidiano, meu trabalho e minhas espectativa de futuro.

Fiz um pesquisa nas universidades e também perguntei à alguns amigos se eles sabiam de algo - Desenvolvimento local e/ou Economia Solidária.

Muitas respostas e poucos achado. No fim do ano (2008), novamente, fiz uma busca na NET sobre cursos nesta área. Foi então, que achei!

"Curso de Especialização em Economia Solidaria e Tecnologia Social na América Latina"

Curso Semi–Presencial, 4 Módulos de 90 h, 180 horas presenciais e 180 horas à distância. Acontece aos sábados, uma vez por mês, em Campinas, na Unicamp.

Estava no site da "Face do Brasil" - por um comércio Justo e Solidário.

Fiz minha inscrição e encaminhei carta justificando a minha participação, tudo isso em dezembro. O resultado da Seleção foi somente no final de fevereiro.

Senhores (a),

Meu interesse pelo curso de especialização em economia solidária e tecnologia social está relacionado às minhas necessidades de trabalho no momento. Desde de fevereiro (2008) fui para o Instituto Alana para desenvolver um trabalho - no grupo sócio educativo - com mulheres da comunidade visando a geração de renda e trabalho.

A princípio a Instituição solicitou uma formação técnica em costura para que as mulheres pudessem trabalhar nas confecções (Brás - Bom Retiro, ou em oficinas de costura instalada na região). Foi ponderado com a Coordenação as condições de trabalho neste setor, o alto índice de informalidade e sazonalidade e proposto uma ação que visaria não somente a profissionalização, mas principalmente o desenvolvimento da autonomia, da solidariedade, da coletividade e de novos postos de trabalho na comunidade.

Sempre tive interesse por essa temática, já li artigos e conheço algumas redes. Entretanto sinto falta de um maior domínio sobre o assunto e dialogar sobre estas experiências com outras pessoas.

Acredito que esta formação poderá contribuir em minha atuação e no desenvolvimento do grupo.

Se vocês quiserem podem visitar o caderno de campo (virtual) no qual registrei o desenvolvimento do grupo: Costurando uma nova realidade


Grata,

Luciana Bolognini